
VERDE VIDA, RUBRA SINA
Verde encanto naquela tarde surgiu;
Antigo pranto súbito se esvaiu.
Ah, que canto! Que pureza juvenil!
Quanta alegria num só dia,
Era pura magia... Sorria, corria...
Ela ia, percorria; ele a fitava, sua alma lia...
Quão bela era aquela flor em pleno desabrochar;
Quão pura sua alma, apesar da leve malícia no olhar.
Ah, quanto medo em perdê-la! Tão nova e tantos ventos querendo lha levar.
Tão perto, tangível, pele macia, lábios frementes;
Tão protegida, vigiada. Ah, quanto perigo por trás daquela alva redoma de vidro!
Quão esperto, pouco visível, diamante na mão, silenciosamente cortou o vidro...
Lentamente despiu o anjo de suas asas;
Ah! Aqueles seios! Como arfavam!
Já não mais tocava harpa, apenas suspirava.
O criminoso e a vítima nos meandros da luxuria se esbaldavam;
A taça transbordava, o mar se agitava, a união dos amantes periclitava...
O reduto que os abrigava, aberto estava, sem que soubessem uma sombra os acompanhava.
Ele galgava os ascendentes degraus do prazer;
O anjo flutuava; não mais era puro; conhecera a força da carne e em carne se convertera.
De refém tornou-se seqüestrador; lançou-o, com sua sedução, no labirinto da paixão.
Quanta perdição em notas cristalinas;
Errou o anjo ao cantar, pois abriu a porta para o usurpador roubar seus sonhos de menina.
Mas, o que houve? Não há pranto! Por que estais a sorrir, ó doce menina?
Descia o sol, subia a lua,
Lá estava a menina, completamente nua,
Sedenta, ávida, repleta de luxuria.
Mas, a união dos amantes periclitava;
O reduto que os abrigava, aberto estava;
Sem que soubessem uma sombra os acompanhava.
Há duas semanas encetaram o negro romance,
Sob a égide da lua, protetora dos amantes,
Entregaram-se um ao outro numa fusão de lágrimas, dor e prazer.
A sombra os cobria e sarcasticamente ria;
Trazia nas mãos uma lápide com um epitáfio que dizia:
Aqui jaz um amante, um pedófilo, um mártir da paixão que se apaixonou por quem não devia.
Na face do anjo dois riscos de lágrimas escorriam;
Débil estava ante tanto horror;
Sua tênue voz apenas sussurrou:
Não! Por favor... Deixes meu amor! Eu o amo! Ele não me estuprou!
Sim! Esqueças estas tolices: honra, lei, ódio, ira...
Deixem-nos tecer a nossa história, pois é cedo, não há aurora! Como achas que irei suportar tal memória?
Ah, aquela sombra maldita! Sobre eles pouco ficou. Sem os ouvir,
Levou consigo os seus sonhos e um pesadelo deixou;
Com um só golpe encerrou duas vidas:
Uma não mais respirou; a outra, desde então, apenas vegetou...
Quanto sangue espalhado! Pobre ser condenado à sentença capital!
Qual o seu crime? Os anos haviam avançado!
E agora, ó pai desolado?
Lavastes tua honra! Mas, será que por muito tempo continuarás velado? Não!
Será que valeu apena? Matastes um homem e desolastes a pequena!
Na terra o sangue inocente clamando por justiça;
No cárcere, um velho, a pagar por sua injustiça!
Nesta história só há perdedor! Dissipou-se uma vida, uma liberdade, e o sentido de um viver.
Que não se repita este pecado!
Que prevaleça o amor!
Ouçais, todos vós, este recado:
Não queirais impedir o amor.
Deixe-o florir! Pois o amor não se mata! Não se afugenta!
Quanto mais sufocado, privado do possuir, mais ele se expande levando a loucura o existir.
Não há coações, ameaças, castigos, que estremeçam ou afugentem o amor!
É ele, um colosso! Uma grande possessão de espíritos!
Está imune a exorcismos e flagelos! Quando se encarna, desce o céu, sobe o inferno; demônios e anjos se encontram e se amam no festim dos sentimentos, emoções e pecados.
Só o amor basta...
Eis o meu legado...
“Um dia o amor passou por mim, desde então eternamente passou” ( Sérgio Francisco Baptistella).
Verde encanto naquela tarde surgiu;
Antigo pranto súbito se esvaiu.
Ah, que canto! Que pureza juvenil!
Quanta alegria num só dia,
Era pura magia... Sorria, corria...
Ela ia, percorria; ele a fitava, sua alma lia...
Quão bela era aquela flor em pleno desabrochar;
Quão pura sua alma, apesar da leve malícia no olhar.
Ah, quanto medo em perdê-la! Tão nova e tantos ventos querendo lha levar.
Tão perto, tangível, pele macia, lábios frementes;
Tão protegida, vigiada. Ah, quanto perigo por trás daquela alva redoma de vidro!
Quão esperto, pouco visível, diamante na mão, silenciosamente cortou o vidro...
Lentamente despiu o anjo de suas asas;
Ah! Aqueles seios! Como arfavam!
Já não mais tocava harpa, apenas suspirava.
O criminoso e a vítima nos meandros da luxuria se esbaldavam;
A taça transbordava, o mar se agitava, a união dos amantes periclitava...
O reduto que os abrigava, aberto estava, sem que soubessem uma sombra os acompanhava.
Ele galgava os ascendentes degraus do prazer;
O anjo flutuava; não mais era puro; conhecera a força da carne e em carne se convertera.
De refém tornou-se seqüestrador; lançou-o, com sua sedução, no labirinto da paixão.
Quanta perdição em notas cristalinas;
Errou o anjo ao cantar, pois abriu a porta para o usurpador roubar seus sonhos de menina.
Mas, o que houve? Não há pranto! Por que estais a sorrir, ó doce menina?
Descia o sol, subia a lua,
Lá estava a menina, completamente nua,
Sedenta, ávida, repleta de luxuria.
Mas, a união dos amantes periclitava;
O reduto que os abrigava, aberto estava;
Sem que soubessem uma sombra os acompanhava.
Há duas semanas encetaram o negro romance,
Sob a égide da lua, protetora dos amantes,
Entregaram-se um ao outro numa fusão de lágrimas, dor e prazer.
A sombra os cobria e sarcasticamente ria;
Trazia nas mãos uma lápide com um epitáfio que dizia:
Aqui jaz um amante, um pedófilo, um mártir da paixão que se apaixonou por quem não devia.
Na face do anjo dois riscos de lágrimas escorriam;
Débil estava ante tanto horror;
Sua tênue voz apenas sussurrou:
Não! Por favor... Deixes meu amor! Eu o amo! Ele não me estuprou!
Sim! Esqueças estas tolices: honra, lei, ódio, ira...
Deixem-nos tecer a nossa história, pois é cedo, não há aurora! Como achas que irei suportar tal memória?
Ah, aquela sombra maldita! Sobre eles pouco ficou. Sem os ouvir,
Levou consigo os seus sonhos e um pesadelo deixou;
Com um só golpe encerrou duas vidas:
Uma não mais respirou; a outra, desde então, apenas vegetou...
Quanto sangue espalhado! Pobre ser condenado à sentença capital!
Qual o seu crime? Os anos haviam avançado!
E agora, ó pai desolado?
Lavastes tua honra! Mas, será que por muito tempo continuarás velado? Não!
Será que valeu apena? Matastes um homem e desolastes a pequena!
Na terra o sangue inocente clamando por justiça;
No cárcere, um velho, a pagar por sua injustiça!
Nesta história só há perdedor! Dissipou-se uma vida, uma liberdade, e o sentido de um viver.
Que não se repita este pecado!
Que prevaleça o amor!
Ouçais, todos vós, este recado:
Não queirais impedir o amor.
Deixe-o florir! Pois o amor não se mata! Não se afugenta!
Quanto mais sufocado, privado do possuir, mais ele se expande levando a loucura o existir.
Não há coações, ameaças, castigos, que estremeçam ou afugentem o amor!
É ele, um colosso! Uma grande possessão de espíritos!
Está imune a exorcismos e flagelos! Quando se encarna, desce o céu, sobe o inferno; demônios e anjos se encontram e se amam no festim dos sentimentos, emoções e pecados.
Só o amor basta...
Eis o meu legado...
“Um dia o amor passou por mim, desde então eternamente passou” ( Sérgio Francisco Baptistella).

4 comentários:
Oooi..
Adorei seu Bloog.
Leio sempre que daa..
Gosto de como escreve viuh!
Flew
Valeu Marcos!
Muito me alegra saber que meus textos lhe agradam.
Um abraço!
Até+
Bem se vê aqui que você andou bebendo das fontes da boa poesia brasileira! Lembra muito o Álvares de Azevedo! Parabéns!!!
Márcio, obrigado pela leitura e comentário!
De fato, eu adoro Álvares de Azevedo e seus nefastos amores ideais.
Um grande abraço!
Espero revê-lo em breve. Tenho alguns textos para lhe apresentar.
Fique em paz!
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